Na Veneza do século XVIII, na década de 60, a população carente também desejava cercar-se do belo, mas não tinham condições para adquirir móveis, esculturas e pinturas de artistas, que na maioria em peso eram famosos e suas obras caríssimas. Assim, a sociedade dividia os com poder aquisitivo e os sem. Mas Germano Celant desenvolveu um movimento artístico onde utilizava materiais de pintura e expressões plásticas não convencionais, de objetos oriundos do lixo ou de sucata, ou ainda areia, madeira, sacos, jornais, cordas, feltro, terra e trapos de roupas e tecidos com o intuito de tornar arte todo material empobrecido, reduzindo os artifícios e eliminando barreiras entre a Arte e o cotidiano da sociedade. Nascia assim o movimento de vanguarda: Arte Povera (em inglês poor art e se pronuncia póvera) que significa “arte pobre’ e assim nasceram os móveis feitos desse movimento: reaproveitados do lixo, da sucata, de caixas de madeira e afins.

O movimento artístico desenvolveu-se ao longo da década de 1970, período em que os artistas voltaram a sua atenção para as temáticas da natureza e seus derivados, rompendo com os processos industriais e revelando a sua critica ao empobrecimento de uma sociedade guiada pelo acúmulo de riquezas materiais.
Principais características da Arte Povera
- Crítica à sociedade de consumo, capitalismo e processos industriais;
- Crítica à comercialização do objeto artístico;
- Oposição ao modernismo, pop art, racionalismo científico e minimalismo;
- Arte antiformalista que se aproxima de algumas vanguardas europeias, tais quais o surrealismo e dadaísmo;
- Utilização de materiais simples e naturais (sucatas, papel, vegetal, terra, metal, comida, sementes, areia, pedra, tecido, etc.);
- Criatividade e espontaneidade;
- Efemeridade e materialidade da arte;
- Valores pobres e marginais;
- Contraste do “novo” e do “velho”;
- Temáticas da natureza e do cotidiano








Principais artistas e obras da Arte Povera
Os principais representantes da Arte Povera foram:
- Giovanni Anselmo (1934): escultor italiano e um dos principais representantes do movimento na Itália, sendo autor de obras como: Specchio (1968), Torsione (1968) e Infinito (1971).
- Mario Merz (1925-2003): artista italiano muito famoso pelos seus “iglus”, com destaque para a escultura Iglu de Giap (1968) e o Iglu de Pedra (1982).
- Marisa Merz (1926-2019): escultora italiana e mulher do artista Mario Merz, também foi destaque com obras da arte povera: Escultura Viva (1966), Sem Título (1966) e Fontana (2007).
- Michelangelo Pistoletto (1933): pintor e escultor italiano, considerado um dos protagonistas do movimento de arte povera com destaque para obras de escultura, pintura, instalação e performance: Vênus dos trapos (1967), Orquestra de trapos (1968), Pequeno Monumento (1968).
- Jannis Kounellis (1936): pintor grego, famoso por suas instalações com elementos vivos (vegetais ou animais) da qual se destaca a Margarida com fogo, produzida em 1967; e a instalação realizada em 1969, com doze cavalos que circulavam livremente na sala de exposições da galeria Attico em Roma.
- Miina Äkkijyrkkä, (1949) também conhecida como Liina Lång , originalmente Riitta Loiva (nascida em Lisalmi, Finlândia). Ela é conhecida por suas pinturas, desenhos e escultaras. Ela é conhecida por seu desdém pela cultura mainstream, e suas ações despertaram controvérsia.
- Julie Church, (1997) trabalhava num projeto de preservação de tartarugas marinhas na ilha de Kiwayu, na fronteira do Quênia com a Somália. Criadora das macro esculturas feitas de chinelos de borracha trazendo solução de um problema ambiental grave no Quênia. Church pensou que poderia ajudar a limpar as praias e, ao mesmo tempo, impulsionar o desenvolvimento econômico e social daquela comunidade, incentivando moradores locais a recolher, lavar e processar materiais recicláveis para terem uma renda. O resultado do trabalho são criações lúdicas que chegam a ser vendidas para jardins zoológicos, aquários e lojas de nicho de 20 países.



















Hoje, a arte povera se reconhece e se encaixa perfeitamente no estilo contemporâneo. Seus móveis tem a peculiariedade de serem únicos e totalmente manuais, com acessórios e peças que sejam totalmente da sucata ou do lixo, ou ainda de sementes, madeira e afins característicos da arte.









































Com a capacidade unir o velho ao novo, essa arte ainda trará muitas novidades!
Um evento dos dias de hoje que traz esse movimento artístico na sua base é o Morar Mais por Menos, que traz como mote O Chique que Cabe no Bolso. Eles trazem como realidade “Buscar no mercado melhor custo x benefício em relação a produtos e serviços. Mostrar aos visitantes que, com a ajuda de um profissional, a decoração de interiores é acessível.” Aliados à ABD – Associação Brasileira de Designers, os eventos e mostras anuais são fantásticos, trazendo novidades incríveis em reaproveitamento de materiais da sucata e criação de novos revestimentos a partir de lixo e materiais sustentáveis. Vale a pena conferir.

















Excelente dia a todos! Até breve!